quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Review do disco Insular de Humberto Gessinger

                                             por Marcelo Mendonça


Salve, galera! Fãs de Engenheiros do Hawaii ficaram uma década aguardando um novo lançamento da banda, entretanto Humberto Gessinger, vocalista, letrista e multi-instrumentista da banda, resolveu se desprender das rédeas da forte marca do grupo e lançou, em setembro de 2013, um disco solo, chamado Insular. Deste modo, pôde moldar um disco totalmente ao seu gosto.

Começa com uma quase vinheta, Terei Vivido, com pouco mais de um minuto. A seguir, a faixa Sua Graça poderia muito bem ter saído do disco Novos Horizontes, principalmente ao se ouvir o refrão: “só você sabe quem eu sou / só você sabe como é”, seguido da gaita que se consolidou no Acústico MTV. Bora começa com um quase rap com o baixo do Gessinger predominando ao fundo até explodir no refrão grudento-clichê, também típico da sua obra; as guitarras aparecendo sempre, querendo mostrar serviço.

A Ponte para o Dia mescla o baixo de Humberto com arranjos acústicos, letra com boa metáfora e conta com a participação do cantor Bebeto Alves, gaúcho, como todas as participações do álbum.

Tchau Radar, A Canção, remete, diferente do que o nome sugere, ao disco Simples de Coração. A participação aqui é de Rodrigo Tavares (Esteban, ex-Fresno), com quem já havia tocado no projeto Trio Grande do Sul. As linhas de guitarra estão enérgicas e muito agradáveis. O refrão cai nos infames trocadilhos que ele vem usando há décadas, desta vez com um que pode não soar muito bem (“que não fede nem cheira / que não f**e nem sai de cima”). Desnecessário ou ousado e genial? O ponto alto da música é o solo seguido da ótima ponte e ainda há tempo para outro solo contagiante no final.

Tudo Está Parado foi a primeira a ser divulgada. A princípio composta por encomenda para o Jota Quest, que gravou ainda em 2012. A versão aqui é indiscutivelmente melhor, com o riff feito pelo baixo por quase toda a música. Pode vir a ser a mais conhecida do álbum, ao menos é a mais animada. Ironicamente, esta sim, caberia perfeitamente no disco Tchau Radar.

Recarga causa estranheza nas primeiras audições, por ser a típica música gaúcha, basicamente com toda melodia no acordeom de Luis Carlos Borges, que também contribui cantando no dueto com Gessinger. Sotaques e ritmos sulistas fortes (inclusive trechos em castelhano).

Milonga do Xeque Mate, talvez a melhor do disco. Ainda no clima dos Pampas, mescla simplicidades com bons arranjos na guitarra e acordeom. É também a faixa mais longa. Repete várias vezes o refrão “Afinal quem é a peça / E quem é o jogador?” Mais uma que caberia no Simples de Coração. Outro gaúcho, Frank Solari, participa na guitarra. O final doce e singelo só engrandece a música.

Insular, nome do disco, é outra faixa-vinheta, introdução para a próxima, Essas Vidas da Gente. A canção mais sofisticada na poesia. Tocante. Termina deixando uma sensação de quero mais.

Segura a Onda DG. Se desconsiderar o outro palavrão desnecessário logo de cara (“que susto eu levei quando olhei no espelho / c*****o, como estou ficando velho”), tem versos bons, alguns em inglês. Participação de Nico Nicolaiewsky. Referência, é claro, à obra O Retrato de Dorian Gray.

Encerra com Plano B, já conhecida dos fãs, pois foi disponibilizada como demo no site dos Engenheiros e seria lançada no disco Novos Horizontes, agora numa versão com arranjos definitivos e mixagem correta.


O disco como um todo é bom, mas pode causar certas estranhezas de início, por isso é aconselhável ouvi-lo mais de uma vez para tirar uma conclusão. Alguns dirão que não está à altura de grandes obras dos Engenheiros, mas hão de convir que na atual situação musical no Brasil, se tratando de Humberto Gessinger, pode-se dizer que é um “colírio aos ouvidos”.

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